“Blonde” ocasiona um mix de sentimentos e opiniões (sejam elas boas ou ruins)

E se consagra como uma obra de arte subjetiva

     Costumo pensar que artigos de opinião vão além de apenas dizer o que pensamos. Palavras soltas, jogadas ao ar e sem o mínimo de embasamento de nada servem além de empobrecer um texto. Christopher Breaux, ou Frank Ocean, me fez explorar duas vertentes pessoais: a primeira, a que não gostou e tampouco se identificou com as letras; a segunda, uma busca dolorosa para encontrar críticas imparciais. Mas é a partir desse ponto que minhas palavras se desenrolam: doa a quem doer, o artista é 8 ou 80 ── e para mim, ele foi um 8. 

    Zero seria crueldade. Ainda que seu estilo me desagrade e faça meus ouvidos sangrarem, existe uma credibilidade quando olho para os seus quase trinta milhões de ouvintes mensais. Se fosse tão deplorável, acredito que ele não continuaria a lançar outros projetos. Então, meus olhos correm para outra direção.           

    Seu estilo musical carrega um hip hop alternativo, que facilmente seria a trilha sonora de um filme sobre basquete ou dança, entre os anos 90 e os dias atuais. É fácil imaginar o cenário colorido, a luta das pessoas pelos seus sonhos, para gritar ao mundo quem são. Nesse tipo de narrativa, as personagens cativam o público por sua determinação, e Frank Ocean passa exatamente isso em suas canções. Esta é a sua forma mais pura de expressão. Ele quer contar para outras pessoas, que talvez não tenham a mesma oportunidade, que elas não estão sozinhas. Sinto como se ele dissesse “ei, você tem voz, mas até que encontre a liberdade para usá-la, eu serei a sua voz”.

    Então, de fato o álbum e suas outras músicas me desagradam. Mas ele é mais do que um estilo ou canções (de opinião pessoal) ruins. É um artista que teve a coragem de transformar dores, sentimentos, emoções e vivências em arte e compartilhá-la com aqueles que sabem apreciá-la. Se a arte é tão subjetiva assim, “Blonde” é, definitivamente, uma polêmica e curiosa obra de arte.

Nota: 6.5 (nota pessoal) / 9.8 (opinião imparcial vista de um ângulo artístico minimamente analisado)


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