Rita Lee constrói narrativas pop, envolventes e explícitas durante a Ditadura Militar

 

    Desde o início da carreira, Rita Lee deixou claro que não tinha medo da censura ou do que pensariam sobre seu modo de expressão: a arte em forma de música. Lançado na década de 1980, em que os brasileiros estavam inseridos no cenário da Ditadura Militar, “Lança Perfume” trouxe baladas pop com muitas letras de amor, gritos em manifestos de expressão artística e um clímax sensual para os amantes apaixonados. Rita, que sempre cantou o que realmente queria, não poupou falas sinceras durante as letras envolventes — tal como “Beija minha boca / Até me matar”, em “Doce Vampiro” (de seu álbum anterior), na qual o eu lírico está conformado com o temperamento e a relação de seu parceiro, deixando a interpretação de que era “sugado” emocionalmente assim como as lendas apontam que essas criaturas noturnas fazem com o sangue humano e/ou animal.

    Animalesca e voraz, Lee Jones surpreendeu todos com uma certa mudança de estilo do rock para o pop, apesar de ter obtido um grande sucesso com o álbum. Em um contexto de repressão, é nítido que as canções de amor explícitas e claras de Rita ocasionariam burburinhos. Mas a verdade é que seu sucesso foi tão grande que teve singles lançados na Europa e América do Norte. 

    Sexy, alternativa e com um espírito livre, os fãs e ouvintes da artista, influenciados diretamente pelas críticas (discretas ou não) em sua música, são parte importante de seu contexto. Eles são a prova de que, se houver uma voz com coragem o suficiente para cantar a verdade, uma multidão em massa terá tanta coragem quanto de lutar pela sua liberdade.

(Foto: Reprodução/Pinterest)


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