Los Hermanos dá voz a brasilidade em seu segundo álbum

    O visual de um álbum musical vai além do que é visto aos olhos. Quando um artista consegue uniformizar uma ideia na mesma proporção para os cinco sentidos humanos, ele alcança o verdadeiro objetivo da construção visual de sua obra. Em seu segundo álbum de estúdio, Los Hermanos consegue exatamente isso.

    É comum que a cada década surjam novos estilos musicais, novas estéticas e, principalmente, novos artistas sedentos por alcançar o topo. Para uma banda presente no final da década de 90 e nos anos 2000, os rockeiros alternativos deixaram uma marca que se tornou deles. Há uma presença de letras suaves que se misturam a escolha instrumental estridente, mas que capta a essência de uma nação misturada, com tantas cores, sons, texturas e formas. 

    O sabor de um carnaval brasileiro, que é uma imagem festiva tão desejada por estrangeiros, despertando sua mais sincera curiosidade, vai amolecendo como manteiga no pão na chapa de um barzinho carioca nos ouvidos do público. As canções são repletas de personalidade, te levam diretamente às lembranças de um carnaval passado no qual a única preocupação dos brasileiros era se fantasiar e pular bloquinhos com os amigos ou fazer churrasco na praia com a família.

    Por não ser possível prever o futuro, a banda não fazia ideia de que sua estética iria além do visualmente colorido. É por causa de sua originalidade que eles se consagram como patrimônio da música brasileira, podendo vir a ser considerado um clássico para dias ensolarados. 

    Ainda assim, “Bloco Do Eu Sozinho” é mais do que apenas um álbum de carnaval ou verão. É uma construção por inteiro que te faz se conectar com a música através da memória olfativa, auditiva e visual. É envolvente, alegre e provoca sentimentos. É a síntese de como o menos é mais e, como um todo, apresenta um visual acalentador. Um verdadeiro álbum de conforto.


Integrantes dos Los Hermanos hoje em dia (Foto: reprodução/Caroline Bittencourt/G1) 


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